Source text in English | Translation by Rafa Lombardino (#6964) |
Heathrow Airport is one of the few places in England you can be sure of seeing a gun. These guns are carried by policemen in short-sleeved shirts and black flak-jackets, alert for terrorists about to blow up Tie-Rack. They are unlikely to confront me directly, but if they do I shall tell them the truth. I shall state my business. I’m planning to stop at Heathrow Airport until I see someone I know. (...) Astonishingly, I wait for thirty-nine minutes and don’t see one person I know. Not one, and no-one knows me. I’m as anonymous as the drivers with their universal name-cards (some surnames I know), except the drivers are better dressed. Since the kids, whatever I wear looks like pyjamas. Coats, shirts, T-shirts, jeans, suits; like slept-in pyjamas. (...) I hear myself thinking about all the people I know who have let me down by not leaving early on a Tuesday morning for glamorous European destinations. My former colleagues from the insurance office must still be stuck at their desks, like I always said they would be, when I was stuck there too, wasting my time and unable to settle while Ally moved steadily onward, getting her PhD and her first research fellowship at Reading University, her first promotion. Our more recent grown-up friends, who have serious jobs and who therefore I half expect to be seeing any moment now, tell me that home-making is a perfectly decent occupation for a man, courageous even, yes, manly to stay at home with the kids. These friends of ours are primarily Ally’s friends. I don’t seem to know anyone anymore, and away from the children and the overhead planes, hearing myself think, I hear the thoughts of a whinger. This is not what I had been hoping to hear. I start crying, not grimacing or sobbing, just big silent tears rolling down my cheeks. I don’t want anyone I know to see me crying, because I’m not the kind of person who cracks up at Heathrow airport some nothing Tuesday morning. I manage our house impeccably, like a business. It’s a serious job. I have spreadsheets to monitor the hoover-bag situation and colour-coded print-outs about the ethical consequences of nappies. I am not myself this morning. I don’t know who I am. | O Aeroporto Heathrow é um dos poucos lugares na Inglaterra onde você pode ter certeza de que verá um revólver. Esses revólveres são empunhados por policiais de camisa de manga curta e colete à prova de balas e que estão em alerta, procurando terroristas prestes a explodir a loja Tie-Rack. É pouco provável que eles me confrontem diretamente, mas se o fizerem eu tenho que falar a verdade. Tenho que lhes dizer a que vim. Planejo ficar no Aeroporto Heathrow até ver alguém que conheço. (...) Surpreendentemente, fico esperando 39 minutos e não vejo ninguém conhecido. Nem uma pessoa e nenhuma que me conheça. Sou tão anônimo quanto os motoristas segurando plaquinhas com nomes (alguns sobrenomes eu conheço), mas os motoristas estão mais bem vestidos do que eu. Desde que as crianças nasceram, qualquer coisa que eu visto parece pijama. Casacos, camisas, camisetas, calças jeans, ternos… como se fossem roupa de dormir. (...) Ouço meus próprios pensamentos sobre as pessoas que eu conheço e que me decepcionaram por não terem saído cedo numa terça-feira rumo a destinos deslumbrantes na Europa. Meus antigos colegas de trabalho na companhia de seguros devem estar presos às suas mesas, como eu disse que eles ficariam para o resto da vida quando eu também estava preso no escritório, desperdiçando meu tempo e sem sair do lugar, enquanto a Ally seguia em frente, estudando para obter o PhD e conquistar o seu primeiro posto no departamento de pesquisas da Universidade Reading, sua primeira promoção. Os amigos adultos que fizemos mais recentemente, que têm empregos sérios e eu meio que esperava ver a qualquer momento aqui, me dizem que ocupar-se dos afazeres do lar é algo perfeitamente decente para um homem, chegando até a ser corajoso, isso mesmo, ficar principalmente em casa cuidando dos filhos. Esses amigos nossos são, em primeiro lugar, os amigos da Ally. Parece que eu não conheço mais ninguém e, agora que estou longe das crianças e dos aviões voando lá em cima, ouvindo meus próprios pensamentos, o que eu escuto é a voz de um reclamão. Isso não é o que eu esperava ouvir. Começo a chorar, mas sem fazer careta ou soluçar. São apenas lágrimas que verto em silêncio. Não quero que ninguém que eu conheço me veja chorando, porque não sou do tipo que perde a compostura no Aeroporto Heathrow em plena terça-feira de manhã. Administro a nossa casa nos mínimos detalhes, como se fosse uma empresa. É um trabalho sério. Tenho planilhas para monitorar o status do filtro do aspirador de pó e artigos impressos, identificados por código de cores, sobre as conseqüências éticas das fraldas descartáveis. Estou fora de mim esta manhã. Não sei quem eu sou. |